mais o chamaria de pai. Nunca mais!? Só de lembrar que encontrei um bilhete pendurado na geladeira poucas horas depois do falecimento de minha mãe:
"Soph, perdoe-me por tudo! Um dia você vai entender tudo o que estou fazendo com vocês! Amo-te, minha filha!."
Na hora senti um nojo percorrer por todo o meu corpo, mas depois cheguei à conclusão de que ele nunca tinha sido um pai para mim e para Lucas. Por mais que minha mãe tentasse esconder, no fundo, sabia que ele tinha algum segredo guardado em sua alma, algo muito sério para dizer a verdade.
IV
Resolvi sair da cama, já que mesmo que fosse ainda às seis e meia da manhã, o sol estava totalmente reluzente e o céu, límpido.
-Bom dia, Soph! Acordou cedo, hein? O que aconteceu? Apareceu algo em seu quarto? -perguntou-me Cheff, todo preocupado.
-Não! É que eu tive um pesadelo e não consegui dormir mais. -respondi.- Sabe como é, né? -disse enquanto pegava a caixa de cereais e um pouco de leite.
-Pesadelos são terríveis mesmo... Mas você está bem? Não ficou assustada?
-Para dizer a verdade, um pouco, mas Lucas foi me acalmar, não é demais? -sorri.
-É! O menino Lucas é um bom garoto de fato. Você teve uma sorte em tê-lo como irmão. Muita sorte mesmo! -disse Cheff, enquanto pegava café das mãos de Dulce.
-De fato! Lucas foi um anjinho que caiu na minha vida.
-O nosso anjinho! Não se esqueça! -disse Dulce, piscando para mim.
Conversei com Dulce e Cheff durante um bom tempo, pois aquela seria a última conversa que teríamos antes de minha partida. Tenho o direito de aproveitá-los ao máximo.
-O que vocês conversam tanto que não me deixam dormir? -perguntou Lucas, aproveitando para pegar o cereal que estava ao meu lado.